A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal vai exigir de Bruxelas um estudo de impacto económico sobre cada um dos países da União Europeia, devido à eliminação temporária das taxas alfandegárias sobre os produtos paquistaneses. O objectivo, disse ao DN João Costa, presidente da ATP, "é perceber quem vai pagar a factura" desta decisão, já que dos 81 produtos que serão isentados de taxas, 65 são artigos têxteis e de vestuário.
Conscientes da irreversibilidade da decisão comunitária, apesar de esta ainda ter de passar pelo crivo do Parlamento Europeu, os industriais reclamam também a substituiçãodos produtos têxteis por artigos de outros sectores ou, ainda, por têxteis diferentes dos considerados, entre outras medidas.
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"É importante que a distribuição dos artigos a isentar por outros sectores seja feita, se não de forma igualitária, pelo menos de modo a que Portugal não seja tão penalizado", defende o empresário e líder associativo, lembrando que na proposta da Comissão - que terá ainda de ser aprovada pelo Parlamento Europeu - "80% dos artigos são têxteis ou vestuário". Entre os mais significativos estão os felpos (atoalhados), que representam 3,7% das exportações, seguidos das camisolas e T-shirts com 2%, as meias, que representam 1,7% e o vestuário de bebé com mais de 1%. "Os produtos incluídos na lista a isentar valem mais de 500 milhões de euros de exportações portuguesas. Não vamos perder a totalidade, com certeza, mas vamos perder muito."
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A diversificação de produtos é, no entender da ATP, uma forma de "estimular e desenvolver a própria diversificação da indústria paquistanesa, em vez de se criarem condições para que aumente, ainda mais, o seu poderio têxtil".
Quem não concorda com esta visão é o comissário europeu para o Comércio Internacional, que ontem, no Porto, recusou "dramatizações" sobre esta matéria, considerando mesmo "completamente ridículo" o alerta lançado pela associação têxtil europeia Euratex de que a eliminação, por três anos, das taxas alfandegárias sobre os produtos paquistaneses, poderá provocar a perda de 120 mil empregos na Europa.
Karel De Gucht estima que a medida se traduzirá num aumento de 100 milhões de euros das importações do Paquistão e questiona: "Se o aumento é de 100 milhões, como se podem perder 120 mil empregos?"
O comissário, que falava à margem da conferência "Política Comercial Externa da União Europeia e Instrumentos de Defesa Comercial", admitiu que a medida "pode ter impactos regionais", mas garante que foi "tida em consideração a sensibilidade das indústrias europeias".
"Compreendo as preocupações [dos países europeus com uma indústria têxtil forte, como Portugal, Espanha ou Itália], mas não devemos dramatizar a questão", disse Karel De Gucht, acrescentando que "não é como se, de repente, o mercado europeu fosse ficar inundado por produtos do Paquistão".
A proposta da Comissão é sustentada na necessidade de ajudar economicamente o Paquistão, recentemente devastado por cheias, e tem ainda de ser aprovada, também, pela Organização Mundial do Comércio e pelos países vizinhos, mas De Gucht diz-se "confiante" de que irá passar, atendendo à "tão grave situação vivida".
Um argumento que não colhe. "É totalmente falacioso, pois as regiões afectadas pelas cheias não são as que acolhem a indústria têxtil local, pelo que esta praticamente nada sofreu com as inundações", tem salientado a ATP. Por outro lado, entre os 46 produtores mundiais de têxteis, só o Bangladesh tem custos laborais inferiores.
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Que pensam os nossos leitores sobre esta medida? Se por um lado é de facto estranho e negativo que Portugal possa perder 500 milhões de euros nos próximos anos, por outro lado esta medida irá gerar mais negócio a empresas como a Maudlin Merchandise já que o preço dos produtos finais irão baixar, o que também irá fazer com que haja mais vendas e consequentemente mais dinheiro a movimentar-se no país e possivelmente haverá necessidade de aumentar o staff um pouco por todo o país.
Não podemos deixar de nos lembrar que desde o inicio do ano uma simples t-shirt aumentou 0.20€ + IVA de preço, o que parecendo que não, é um aumento de aproximadamente 20% sobre o valor antigo.