É sabido que a vida mudou após o COVID. Tudo se tornou um pouco mais difícil. Uma ida ao restaurante agora envolve uma série de burocracias dependendo se é durante a semana ou fim de semana, as viagens tornaram-se uma pesquisa sem fim, juntando documentos para ambos os lados, assinando papéis que nunca mais acabam e vendo pessoas ficar em terra.
Também na indústria mudou muito.
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No último ano e meio temos sentido uma enorme dificuldade em conseguir acesso às nossas ferramentas de trabalho. Não falamos apenas de roupa para personalizar, mas sim todos os consumíveis que precisamos para fazer estampagem de T-shirts ou bordados. Algo tão simples como um rolo de entretela para terminar os bordados é agora um problema enorme com telefonemas a vários fornecedores, reservas de stock, aumentos de preço e diminuição de qualidade.
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O mesmo sucede com as tintas de serigrafia, que têm aumentado consideravelmente de preço nos últimos meses, por vezes havendo quebras de stock nas marcas porque… não há plástico para as embalagens. Etiquetas têxteis para roupa ou patches personalizados não são fáceis agora se produzir por falta de matéria prima.
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Mas sem dúvida que o pior encontra-se na roupa para estampar. Há dias desesperantes.
Para teres uma ideia, não há muito tempo precisámos encomendar em 5 fornecedores diferentes (de 3 países diferentes) para conseguir completar uma encomenda de 50 T-shirts personalizadas. Só em portes de envio e a nível logístico tornou-se um problema enorme.
Conseguir stocks para completar encomendas tornou-se um trabalho a tempo inteiro desde o início da pandemia COVID.
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Os preços do algodão têm subido consideravelmente. Os preços dos contentores para fazer a mercadoria chegar à Europa já duplicaram e estão a duplicar de novo. Isto cria um problema enorme em que a roupa está mais cara de produzir e não está disponível no mercado porque não há forma de a trazer para a Europa.
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E não seria mais fácil e barato produzir roupa feita em Portugal ou na Europa? Não, longe disso. Continuaríamos a assistir a dificuldades de stock (porque a matéria prima continuaria a vir da Ásia - não temos produção de algodão na Europa) e os preços iriam duplicar/triplicar na mesma porque a mão de obra é consideravelmente mais cara.
A indústria têxtil encontra-se com as mesmas dificuldades de todas as outras. As estamparias querem trabalhar mas não têm os recursos para o fazer. Os preços da estampagem de camisolas continuam a aumentar, bem como o custo de produzir qualquer tipo de roupa personalizada.
Normalidade? Já não sabemos o que isso é, mas fala-se em verão de 2022.
O que sabemos é que os preços que subiram (já por duas vezes no caso de personalização de roupa) não voltarão a descer.