Como EU começaria uma marca de roupa

Estava a pensar num tópico para fazer um novo vlog para o Youtube da empresa e lembrei-me - já que falo tanto em criar marcas de roupa - de pensar um pouco no que EU faria caso quisesse (re)iniciar uma marca de roupa. Não só é um bom tópico para um vlog como é algo que preciso pensar e estruturar, daí aproveitar para escrever também no blog.

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A Maudlin Merchandise nasceu enquanto marca de roupa que evoluiu para estamparia. No entanto, ao longo dos anos sempre brinquei na minha cabeça com a ideia de voltar a criar uma marca de roupa. Tenho de confessar que o bichinho nunca desapareceu (se calhar por isso é que falo tanto nisto), mas com o desenvolvimento e crescimento da empresa, nunca o consegui fazer. Tive uma tímida tentativa com uma marca chamada "Zebwa" mas devido ao excesso de trabalho na Maudlin tive de suspender o teste.

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Ora, quando penso em criar uma marca, não posso simplesmente estalar os dedos e meter as coisas a andar. Devido ao meu estilo obsessivo, preciso pensar, estruturar, planear todos os passos que esta marca irá dar. Para quem é, qual o tipo de price point a que a quero vender, os canais de venda, a qualidade dos têxteis personalizados, o tipo de personalização. Enfim, uma série de coisas que se embrulham na minha cabeça.

É aí que entra um dos meus grandes problemas, a organização.

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Nunca fiz um road map, um plano de negócios a que possa recorrer para definir o que vem a seguir. Nem o saberia (ou quereria) fazer se a minha vida dependesse disso. Sempre trabalhei trilhando caminho novo, estando em cima das novidades e antecipando a concorrência. Principalmente, trabalhei estudando! Lendo muito, perguntando a quem sabe mais, sempre com humildade.

Sinceramente, vejo o mercado a mudar tão rapidamente que um plano de negócios é algo que para mim já nem faz sentido. Hoje em dia as ferramentas e formas de comunicar estão em constantes mutações. COMO era o Instagram há 3 anos? O que era partilhável no Facebook? Quanto mudou a forma de interagir com o público alvo? Ufff, o que eu escrever hoje, amanhã já é obsoleto, simples.

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Para compensar esta minha dificuldade de planeamento e com a minha forma desorganizada de fazer as coisas, por norma trabalho o dobro do que qualquer outra pessoa. Dou tudo o que tenho. Não durmo, não como, sou capaz de passar 2 dias obcecado com um pequeno tweak a algo com que não esteja satisfeito. E quando finalmente estou satisfeito dou-lhe gás. VIVO E RESPIRO AQUILO até atingir os meus objectivos.

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BOM! Agora que libertei a pressão, posso começar a estruturar uma marca de roupa.

Vamos por partes. Antes de mais, definir o que é importante pensar quando criamos uma marca de roupa:

  • Orçamento disponível
  • Tema/Motivo da marca de roupa
  • Público alvo e price point de venda
  • Pormenores/detalhes da marca
  • Canal de venda
  • Método de personalização

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Após este processo começamos a pensar e a planear.

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Orçamento Disponível

Este é um tema desde logo muito sensível. Nem toda a gente tem disponibilidade financeira para investir centenas/milhares de euros e, sinceramente, não acredito que seja um factor demasiado importante quando se começa uma marca. Já aqui o disse, comecei esta empresa com um investimento de 90€.

Pessoalmente, ao longo dos últimos 11 anos de profissional da área da estamparia têxtil, já vi marcas de roupa a começarem com 100€ e a terem sucesso. Já vi outras com investimentos de 5.000€ a não darem em nada.

A criação de uma marca tem mais a ver com "hussle" e persistência do que outra coisa. O marketing é tão ou mais importante como ter boas t-shirts personalizadas.

Um dos maiores erros que vejo é pessoas a imprimir t-shirts e investir todo o dinheiro na parte da criação do produto, ficando sem capital para posteriormente utilizar em marketing para a promover. Já o disse várias vezes, não vale de nada ter o melhor produto do mundo se ninguém o vir.

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Tema/Motivo de uma marca de roupa

Este é o primeiro ponto que considero que é de enorme importância. Para quem é dirigida a tua marca de roupa? Vais apostar num nicho ou em algo mais geral, que possa ser vendido a um maior número de pessoas?

Por norma falo em nichos como algo pequeno; skaters, surfistas, bandas de música, etc, mas a verdade é que há nichos bem maiores e onde se pode fazer coisas muito diferentes. Apaixonados por carros, apaixonados pela natureza, fãs de geocaching, etc. Há ainda outros consideravelmente maiores mas não quero desvendar demasiado 🙂

De qualquer forma, toda a tua marca tem de ser pensada a partir deste ponto porque é onde precisas começar a tomar grandes decisões em relação ao caminho que vais trilhar.

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Público alvo e price point da marca

Este ponto é muito importante. Apesar de já ter roçado um pouco nele no tópico anterior, queria aprofundá-lo apenas um pouco mais.

Vamos assumir dois nichos diferentes. Um é o de carros antigos. Por norma, quem colecciona carros antigos tem algum rendimento extra e está disponível para gastar em caprichos sem olhar muito ao valor.

Por outro lado, quem gosta de geocaching pode ter interesse em adquirir uma peça de roupa que esteja ligada à actividade, mas são pessoas que poderão não ter tanto capital para investir num artigo caro.

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Isto para dizer que o público alvo da venda irá ajudar a definir o valor das t-shirts e outros artigos. São ambos hobbies de paixão mas - habitualmente - praticados por públicos alvo com carteiras muito diferentes. O preço dos teus artigos deve reflectir o público alvo ou - caso sejas mesmo bom em marketing - podes criar um novo caminho para a tua marca, criando valor acrescentado de alguma forma (packs, descontos associados à compra do artigo, etc).

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Pormenores/Detalhes da marca

Este é também um tópico que pode ser explorado com algum interesse.

Ora, assumindo de novo estes dois nichos, o tipo de artigo que vamos oferecer aos clientes será obrigatoriamente diferente.

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Caso 1. Geocaching

Adeptos de geocaching são pessoas que andam fora de casa. O seu hobby passa muito por andar na natureza, muitas vezes debaixo de temperaturas altas e em zonas em que se sujam. Logo à partida, não podemos utilizar uma t-shirt com gramagem demasiado elevada por se tornar excessivamente quente. Podemos desde já definir uma t-shirt de 150gramas. Também não podemos utilizar uma t-shirt demasiado clara para evitar que se suje com tanta facilidade. T-Shirts de cor areia ou terra costumam ser boas opções. Provavelmente aqui optaria por uma Sol's Regent pela boa qualidade que tem e pelas cores disponíveis.

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Caso 2. Carros antigos

Neste nicho mudamos bastante a narrativa. São pessoas que dão valor ao que compram, logo quererão algo com bastante qualidade (recuperação de carros antigos requer investimentos elevados). Uma t-shirt de 190gramas cai sempre bem para acompanhar o estilo de vida destas pessoas. Melhor ainda, em vez de uma t-shirt, poderá haver maior procura de pólos ou outro tipo de artigo complementar. Algo importante de pensar é que, sendo pessoas com um pouco mais de capital disponível, também estarão dispostas a pagar mais por verem o seu artigo personalizado como um capricho. Optaria por Sol's Imperial para as t-shirts e THC Adam para os pólos.

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Naturalmente a aplicação de etiquetas personalizadas é importantíssima em ambos os cenários. No cenário 2 poderá valer a pena também a aplicação de etiquetas em tecido na manga, para dar um toque extra de qualidade à marca.

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Canal de Venda

Este ponto não seria difícil no meu caso. Sou um filho da geração da internet. Todos os meus negócios sempre foram online e não faço a mínima ideia de como vender de outra forma. Além disso discordo muito da prática habitual de venda em lojas.

Aqui a minha resposta seria obviamente a web. A única dúvida prende-se com um site próprio (.com), um marketplace como a Etsy ou um canal de vendas como o BigCartel. Todos eles têm o seu mérito, mas já foi discutido anteriormente.

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No entanto,  falando dos nichos acima, se estivéssemos a falar de amantes de carros antigos optaria por duas soluções diferentes.

A primeira seria estar em eventos (físicos) de mostras de carros antigos. A segunda seria sugerir parcerias ou pagar por publicidade em sites especialmente dedicados a estas actividades.

Falando de geocaching, certamente existirão também sites da especialidade e, suponho, encontros nacionais da área. São também excelentes soluções para vendas e dar a marca a conhecer.

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Método de Personalização

Esta acaba por ser a questão mais complicada por ser muito ambígua. O método de personalização ideal - PARA MIM - seria a impressão directa ou a serigrafia. Para a ideia que tenho na cabeça, a impressão digital será uma melhor opção uma vez que acredito que traga valor acrescentado ao permitir a impressão de fotografias e maior flexibilidade de imagens. Também permite imprimir com quantidades mínimas mais baixas, reduzindo o custo inicial do projecto.

No entanto é algo que dependerá muito do objectivo de cada um e - especialmente - do tipo de imagem que cada pessoa pretende imprimir.

Caso optes por pólos, não posso deixar de aconselhar bordado para dar um toque premium ao trabalho final.

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Naturalmente que lançar uma marca não é algo fácil e tem muito mais que se lhe diga além do que aqui foi escrito. No nosso blog temos diversos outros artigos sobre como começar uma marca de roupa, bem como colocamos dicas semanalmente no nosso canal de Youtube.

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estampagem têxtil

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